Ensinar robôs a navegar é salvação estratégica?

Uma indução a partir da Operação Kamikaze

Autores

Palavras-chave:

e-Navigation. Inteligência Artificial. Sistemas Marítimos Autônomos. Sistemas Autônomos Letais. Estratégia Militar.

Resumo

Com o passar dos anos, a arte da guerra vem sendo aprimorada por evoluções tecnológicas (e até revoluções); numa redefinição de aspectos, táticas, e fundamentos bélicos. Nos dias atuais, com a aplicação científica da inteligência artificial para a navegação marítima e estratégia militar, sistemas marítimos não-tripulados vêm sendo desenvolvidos – sendo possível que, em métrica de máxima autonomia, “robôs marítimos” venham a ocupar a posição estratégica do ser humano em situações de confrontamento bélico, de forma autônoma; inclusive, com a prerrogativa da decisão quanto a “abrir fogo”. Mas, há controvérsias quanto à utilização de armas robóticas letais em combate. De forma indutiva, o presente estudo pretende analisar a problemática da irrestrição estratégica como alternativa “de salvação” em confronto, a partir dos fatos ocorridos na Segunda Guerra Mundial por ocasião da Operação Kamikaze japonesa, e o emprego da inteligência artificial para fins estratégicos militares, em relação à métrica de máxima autonomia de sistemas marítimos não-tripulados. Conclui-se que deve haver restrições relacionadas à ética e à estratégia militar no desenvolvimento de tais sistemas.

Biografia do Autor

Laís Raysa Lopes Ferreira, Centro de Instrução Almirante Graça Aranha

Doutoranda em Estudos Marítimos pela Escola de Guerra Naval, Mestre em Meteorologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e graduada em Ciências Náuticas pelo Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar - CIABA. Professora do Magistério Superior - Marinha do Brasil (CIAGA). Capitã de Cabotagem da Marinha Mercante, com experiência na área marítima (navegação de cabotagem, longo-curso e offshore).

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Publicado

2021-12-13 — Atualizado em 2021-12-13

Versões

Como Citar

Ferreira, L. R. L. (2021). Ensinar robôs a navegar é salvação estratégica? Uma indução a partir da Operação Kamikaze. Revista De Direito E Negócios Internacionais Da Maritime Law Academy - International Law and Business Review , 1(2), 54–78. Recuperado de https://mlawreview.emnuvens.com.br/mlaw/article/view/38