O RECURSO ADMINISTRATIVO EM MATÉRIA ADUANEIRA E A AUTORIDADE JULGADORA
independência de quem e por quê?
DOI:
https://doi.org/10.56258/issn.2763-8197.v3n2.p135-167Palavras-chave:
Perdimento, Controle de Convencionalidade, Tratados Internacionais, Recurso, Autoridade independenteResumo
O rito processual de aplicação da pena de perdimento de mercadorias pelas autoridades aduaneiras foi alterado no Brasil por força de pactos internacionais aos quais o Brasil aderiu, passando a admitir a apresentação de recurso em duas instâncias de julgamento. Segundo o texto dos tratados, os recursos devem ser julgados por autoridade superior ou independente daquela que aplicou a penalidade, tendo a legislação adotado mecanismos para cumprimento dessa pactuação. Mas a falta de critérios para compreensão e alcance da expressão “autoridade independente” pode levar a questionamentos futuros. O nível de independência da autoridade pode ser estabelecido a priori, dentro de uma perspectiva de respeito aos princípios constitucionais e em um exercício de autocontrole de convencionalidade, fazendo com que a própria Administração Pública aja preventivamente na solução de conflitos. As normas que estabeleceram e regulamentaram o rito processual caminharam no sentido de garantir essa independência, de modo que sejam atendidos os comandos normativos emanados dos pactos internacionais.
Referências
ATIENZA, Manuel. As Razões do Direito: teorias da argumentação jurídica. 3. ed. São Paulo: Landy, 2006. 238 p.
ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios. 5. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. 176 p.
BRASIL. Decreto-lei nº 1455, de 07 de abril de 1976. Dispõe sobre bagagem de passageiro procedente do exterior, disciplina o regime de entreposto aduaneiro, estabelece normas sobre mercadorias estrangeiras apreendidas e dá outras providências. Diário Oficial da União: Seção 1, Brasília, DF, p. 4543, col. 1, 8 abr. 1976.
BRASIL. Lei nº 9.874, de 29 de janeiro de 1999. Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. Diário Oficial da União: Seção 1, Brasília, DF, p. 1, 1 fev. 1999.
BRASIL. Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. Altera a Legislação Tributária Federal e dá outras providências. Diário Oficial da União: Seção 1, Brasília, DF, p. 1, 30 dez. 2003.
BRASIL. Decreto nº 9.326, de 3 de abril de 2018. Promulga o Protocolo de Emenda ao Acordo Constitutivo da Organização Mundial do Comércio, adotado pelo Conselho-Geral da Organização Mundial do Comércio, em 27 de novembro de 2014, e seu anexo, o Acordo sobre a Facilitação do Comércio, adotado pelos membros da Organização Mundial do Comércio, em 7 de dezembro de 2013. Diário Oficial da União: 64. ed., Seção 1, Brasília, DF, p. 3, 4 abr. 2018.
BRASIL. Decreto nº 10.276, de 13 de março de 2020. Promulga o texto revisado do Protocolo de Revisão da Convenção Internacional para a Simplificação e a Harmonização dos Regimes Aduaneiros - Convenção de Quioto, concluído em Bruxelas, em 26 de junho d. . Diário Oficial da União: 51. ed., Seção 1, Brasília, DF, p. 3, 16 mar. 2020.
BRASIL. Portaria ME nº 284, de 27 de julho de 2020. Aprova o Regimento Interno da Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil do Ministério da Economia. Diário Oficial da União: 142 ed., seção 1, Brasília, DF, p. 1, 27 jul. 2020.
BRASIL. Decreto nº 11.092, de 8 de junho de 2021. Promulga o Protocolo ao Acordo de Comércio e Cooperação Econômica entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo dos Estados Unidos da América relacionado a Regras Comerciais e de Trans. . Diário Oficial da União:109. ed., seção 1, Brasília, DF, p. 4, 9 jun. 2021.
BRASIL. Lei nº 14.651, de 23 de agosto de 2023. Altera o Decreto-Lei nº 1.455, de 7 de abril de 1976, as Leis n.º 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e 14.286, de 29 de dezembro de 2021. . Diário Oficial da União: 162 ed., seção 1, Brasília, DF, p. 6, 24 ago. 2023.
BRASIL. Portaria MF nº 1.005, de 28 de agosto de 2023. Dispõe sobre o rito administrativo e as competências para aplicação da pena de perdimento de mercadoria, veículo e moeda. . Diário Oficial da União: 165 ed., seção 1, Brasília, DF, p. 138, 28 ago. 2023.
BRASIL. Portaria RFB nº 348, de 1º de setembro de 2023. Dispõe sobre o funcionamento do Centro de Julgamento de Penalidades Aduaneiras (Cejul). Diário Oficial da União: 169 ed., seção 1, Brasília, DF, p. 58, 4 set. 2023.
CHAND, Daniel E. Protecting Agency Judges in an Age of Politicization: evaluating judicial independence and decisional confidence in administrative adjudications. The American Review of Public Administration, [S.L.], v. 49, n. 4, p. 395-410, 2019. SAGE Publications. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1177/0275074019829608. Acesso em: 03 set 2023.
COTTER, Juan Patricio. La Influencia de los Tratados Internacionales en las Infracciones Aduaneras. In: TREVISAN, Rosaldo (org.). Temas Atuais de Direito Aduaneiro III. São Paulo: Aduaneiras, 2022. p. 163-202.
DOMINGOS, Marlyus Jeferton da Silva. Decisões Justas em Processo Administrativo: há garantia de imparcialidade sem garantia de independência? Revista Cidadania e Acesso à Justiça, Brasília, v. 1, n. 1, p. 934-949, 7 dez. 2015. Semestral. Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Direito - CONPEDI. Disponível em: http://dx.doi.org/10.26668/indexlawjournals/2526-026x/2015.v1i1.447. Acesso em: 03 set 2023.
FELTER JR, Edwin L. Special Problems of State Administrative Law Judges. Administrative Law Review, Washington, v. 53, n. 2, p. 403-418, jun. 2001. Trimestral.
FRANCISCO, José Carlos. Prevalence of International Treaties in the Brazilian Tax Law. Revista Direito Tributário Internacional Atual, pp. 105-137, 2017.
GUSSOLI, Felipe Klein. Controle de Convencionalidade de Ofício pela Administração Pública no Exercício de sua Função Típica. Revista Jurídica: (FURB), Blumenau, v. 24, n. 53, pp. 1-32, 4 ago. 2020. Quadrimestral. Disponível em: https://proxy.furb.br/ojs/index.php/juridica/issue/view/468. Acesso em: 03 set 2023.
HERNÁNDEZ, Mario Molina. Administración pública y control de convencionalidad: problemáticas y desafíos. Revista Eurolatinoamericana de Derecho Administrativo, vol. 5, n. 2, 2018, Julio-Diciembre, Universidad Nacional del Litoral, Argentina. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=655969804007. Acesso em: 03 set 2023.
PIETRO, Maria Sylvia Zanella di. Direito Administrativo. 33. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020.
RANGEL, Paulo. Interesse e legitimidade para recorrer no Processo Penal. Revista de Direito do Ministério Público, Rio de Janeiro, RJ, (4), pp. 182 - 190, 1996. Disponível em: https://www.mprj.mp.br/documents/20184/2856472/Paulo_Rangel.pdf. Acesso em: 03 set 2023.
REALE, Miguel. Teoria Tridimensional do Direito. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 18ª ed. São Paulo: Saraiva, 1998.
ROCHA, José de Albuquerque. Estudos sobre o Poder Judiciário. São Paulo:
Malheiros, 1995.
SOSA, Roosevelt Baldomir. A Aduana e o Comércio Exterior. São Paulo: Aduaneiras, 1996. 230 p.
SOUZA, Felipe Alexandre Abrantes. O Devido Processo Legal e o Processo Administrativo Tributário. In: BRANCO, Paulo Gustavo Gonet (org.). Direitos Fundamentais em Processo: estudos em comemoração aos 20 anos da Escola Superior do Ministério Público da União. Brasília: ESMPU, 2020. pp. 201-210.
TOSTES NETO, José Barroso. Contencioso administrativo tributário federal: diagnóstico e perspectivas. Revista Etco: Soluções Para O Contencioso Tributário, [s. l], n. 25, p. 16-18, ago. 2020. Semestral. Disponível em: https://www.etco.org.br/publicacoes/revista-etco/revista-etco-edicao-25/. Acesso em: 03 set 2023.
TREVISAN, Rosaldo. A Importância do Ensino do Direito Aduaneiro Internacional. In: TREVISAN, Rosaldo (org.). Temas Atuais de Direito Aduaneiro III. São Paulo: Aduaneiras, 2022. p. 17-44.
VIQUEZ, Fernando Castillo. Apuntes Sobre los Tribunales Administrativos. Revista de Ciencias Jurídicas, nº 138, p. 13-32, Setiembre-Diciembre 2015. Disponível em: https://revistas.ucr.ac.cr/index.php/juridicas/article/view/22820/23301. Acesso em: 09 set 2023.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Revista de Direito e Negócios Internacionais da Maritime Law Academy - International Law and Business Review
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.